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A extrema direita alimenta alimenta as chamas

  • Foto do escritor: Rogério Baptistini Mendes
    Rogério Baptistini Mendes
  • 5 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 14 de jan.

Entrevista conceida à jornalista Melissa Rocha, do site Sputinik Brasil, cujas partes foram publicadas em matéria do dia 1º de outubro de 2024 sob o título: Queimadas não são prioridade da sociedade e Congresso as vê como ativio eleitoral, observam analistas.

Queimada no Brasil em 2019


Sputinik: O combate aos incêndios florestais se tornou a questão mais espinhosa para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem na preservação do meio ambiente uma de suas principais bandeiras. As queimadas e secas em recorde histórico levaram um boom de novas propostas no Congresso voltadas para aumentar a punição contra incêndios criminosos. Porém, com a aproximação das eleições, parlamentares esvaziaram o Congresso para se dirigir a seus redutos eleitorais. Em sua avaliação, esse esvaziamento indica omissão de deputados e senadores em torno do tema?

Rogério Baptistini: O presidente Lula, neste terceiro mandato, enfrenta um Congresso verdadeiramente hostil, composto por deputados e senadores extremistas capazes de prejudicar o interesse público para atingir alvos políticos particulares. Não é por outro motivo que temas caros ao país sofrem boicote e andamos de lado ou perdemos oportunidades na economia e regredimos em aspectos sociais, ambientais e institucionais.

No caso da catástrofe ambiental e da crise climática que se abate sobre o país, está com a razão a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. As ações do governo evitaram um cenário mais dramático. Porém, é preciso ressaltar que o aumento das equipes do ICMBio e do Ibama e a ampliação do orçamento foi tardia e insuficiente, o que empresta razão ao ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que ordenou medidas extras de ação em setembro passado.

O extremismo no Congresso, do qual faz parte a bancada do agronegócio, durante o governo anterior contribuiu para o desmonte das estruturas de proteção ambiental e, atualmente, dificulta a resolução dos problemas na área.

 

Sputinik: Você tem acompanhado essas discussões? O que acha das medidas tomadas até agora?

Rogério Baptistini: As medidas anunciadas pelo governo pressupõem a liberação de um crédito extraordinário para o combate às queimadas, a aquisição de equipamentos para diversões órgãos, a reestruturação da defesa civil, a proteção das populações nativas, penas mais duras para quem provoca incêndios, a atuação da Força Nacional de Segurança Pública e das Forças Armadas, entre outras iniciativas.

No geral, o conjunto de medidas emergenciais parece correto, mas diante do tamanho da crise que enfrentamos, a salvação dos biomas e o futuro do Brasil reclamam um pacto em favor do ambiente.

 

Sputinik: A apresentação de propostas é suficiente para reverter o cenário atual?

Rogério Baptistini: Como dito anteriormente, não.

O baixo nível do debate mergulhou a política em temas de curto prazo e inviabilizou, por motivos que vão desde o avanço das redes sociais até a baixa qualidade das lideranças, a democracia e a produção de consensos sobre o destino. Assim, sentimos a aproximação do desastre e parece que nos faltam os meios para evitá-lo. É do que se nutre a crise e o extremismo.

 

Sputinik: Alguns parlamentares da oposição se dedicaram a apresentar propostas mirando membros do alto escalão do governo, como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a quem cobram explicações. Isso denota que as queimadas podem ser usadas de forma política nas eleições municipais?

Rogério Baptistini: Certamente as queimadas serão um ativo eleitoral mobilizado pelos extremistas! Essa é uma atitude covarde e que causa repulsa, promovida por pessoas absolutamente alienadas do problema, que somente miram nos seus interesses de curto prazo. A ministra Marina é a pessoa certa no lugar certo. Sua história a qualifica para liderar a luta pelo ambiente e a busca pelo consenso necessário.

 

Sputinik: No próximo ano, teremos a COP30. Como os incêndios florestais e a atuação do Congresso podem refletir na imagem do Brasil?

Rogério Baptistini: O Brasil, para usar uma imagem popular, está no olho do furacão.

A devastação do ambiente retira a legitimidade do governo Lula para cobrar apoio dos países ricos e, no limite, pode levar ao estabelecimento de sanções econômicas ao produtos agrícolas brasileiros.

O futuro dirá.

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